quinta-feira, 12 de fevereiro de 2015

Terra: Planeta ÁGUA?

Só se fala nisso... Na escola, na academia, no escritório, no barzinho, o que é assunto do momento vai aos poucos se tornando a preocupação com o futuro.  


A crise da água.Como chegamos a esse ponto, quem é o culpado, como consertar o estrago? Muitas perguntas, muitas variáveis e algumas conclusões. A estiagem dos últimos dois anos no sudeste e nordeste não é a maior vilã desse caos. O descaso com a natureza é o principal fator que nos trouxe até o cenário atual, em especial, o desmatamento e desrespeito às áreas de mananciais. A cidade de São Paulo com seu crescimento desenfreado acaba de provar que espaço físico é só um item a ser considerado. O cidadão reivindica espaço para morar e nem sempre o governo consegue atender. Então ele instala-se precariamente onde tiver espaço, mas não tem emprego, escola, saúde ou infraestrutura. E agora também fica sem água. Ele e todo o restante da população.

Fazendo diferente. Infelizmente “o que está feito, está feito” (mesmo que mal feito!) e o que faremos daqui para frente é que vai fazer diferença. Mudanças machucam, mas nesse caso “não mudar” não é uma alternativa, concorda?  Então, o que pode ser diferente?

Soluções.  Dizem que em meio às crises é que nascem as melhores ideias. Há uma avalanche delas na internet, veja algumas (fonte site zh.clicrbs.com.br) incrementadas por nossa opinião:

  1. Racionamento. A primeira reação da população é negativa, quase de revolta. Mas com horários e dias definidos e respeitados, as pessoas podem se programar. O custo é baixo (divulgação) e a implantação pode ser imediata.
  2. Descontos e Punições. Modifica os hábitos da população “a fórceps”, mas se o racionamento for implantado antes, a coisa tende a ser menos dolorosa. O custo também é baixo e pode-se implantar a qualquer momento. Nesse cenário, tem papel importante a instalação de equipamento de medição individualizada em edifícios. 
  3. Água de reuso. Retirar água das redes de esgoto e tratá-la para reaproveitamento ainda é visto com preconceito. O custo é alto e a implantação demorada. Por isso não parece ser uma solução apropriada para o momento que exige medidas urgentes.
  4. Desperdício. Reparos das redes e monitoramento para evitar ligações clandestinas resultariam em uma significativa economia de água. O custo é alto e implantação demorada, pois a maioria das tubulações brasileiras é velha.
  5. Mudança de hábitos. Conscientizar a população que água não é commodity, pelo contrário, é um bem precioso e esgotável.  Custo baixo e implantação imediata. O ponto mais positivo é que uma vez conscientizada, a população repassa o comportamento para as próximas gerações e o efeito disso é duradouro.
  6. Mananciais. Despoluir e proteger mananciais são pontos vitais para garantir a sustentabilidade. É caro e demora, mas é possível transformar rios tão poluídos como o Tietê (em São Paulo) em fontes de abastecimento.
  7. Novos sistemas. Simplesmente buscar água em outro lugar não parece ser a melhor medida a tomar. Demora em média 5 anos e custa caro. Se não mudarmos os hábitos, em algumas décadas o que faremos? Vamos buscar outros mananciais para secar?
  8. Dessalinização. Tirar o sal da água do mar consome muita energia e pode danificar o meio ambiente.  É demorado, custa caro e bombear água para cidades acima do nível do mar como São Paulo (situação mais crítica hoje) traria custo extra.
  9. Transposição de rios. Canais de concreto que desviam água dos rios para outras regiões é uma solução que custa caro, demora e ainda pode trazer danos irreversíveis ao meio ambiente.  No Brasil a transposição do São Francisco já custou o dobro e só deve ser concluída no ano que vem.
  10. Aquíferos subterrâneos. Garantiria abastecimento por longo tempo não dependendo de chuvas. A exploração deve ser cautelosa para evitar contaminação e esgotamento. O custo e prazo de implantação dependem sempre da localização/ profundidade das águas subterrâneas.
  11. Águas pluviais. A falta de incentivo e informação impede o aproveitamento da água da chuva. Cisternas podem ter custo moderado (quando pequenas) e são rapidamente implantadas. Reduziriam a dependência do sistema convencional de distribuição.
  12. Condensação de água. Existem máquinas que transformam a umidade da atmosfera em água potável. Funcionam bem em pequenas populações, pois em larga escala podem causar danos ambientais e à saúde. A implantação é rápida e relativamente barata (250 litros/dia por US$5).
Concluindo. Não restam dúvidas que a engenharia tem papel importantíssimo nesse cenário. Medidas emergenciais de curto prazo devem ser priorizadas, pois é preciso “apagar o incêndio”. Soluções de longo prazo não devem ser engavetadas, afinal de contas ser sustentável significa extrair recursos naturais para si mesmo sem comprometer os recursos necessários para as gerações futuras. Pensar no futuro é agir agora.
Entretanto, qualquer coisa que a engenharia seja capaz de fazer, mesmo a mais brilhante das soluções será ineficaz se não houver a consciência coletiva sobre o problema e uma mudança no comportamento da população. Economia e uso racional da água, assim como respeito ao meio ambiente são hábitos e valores determinantes para começarmos a batalha contra essa crise.
Engenharia e população, cada qual fazendo sua parte. E então ficamos aqui na torcida para que nossos governantes adotem uma conduta coerente com o esforço comum de toda a sociedade.


Silvia Lavagnoli
Gerente de marketing da ofcdesk.

Nenhum comentário:

Postar um comentário